Sei que pouco interessa, mas sabem como é início de ano letivo, certo? Pouco tempo, mas sinto falta deste espaço.
Venho compartilhar com os colegas professores algumas observações feitas por mim quanto ao processo de alfabetização atual. Lembrando que estas observações e problemáticas são resultados do que é analisado em turmas de 4° e 5° ano e todas são fruto de estudo.
Introdução
É observável que nossa educação passa por um momento de transição. Essa transição traz algumas consequências que estão presentes no dia a dia de quase todo professor, principalmente aquele que leciona na escola pública, tendo em vista que as instituições privadas tendem a se adaptar mais rapidamente a estas mudanças.
Uma das principais mudanças com o passar do tempo estão inteiramente ligadas a grafia das palavras. Neste quesito, encontramos o famoso e controverso mundo das letras cursivas e letras “bastão”.
Muito antes da linguagem escrita, a criança vincula-se à linguagem oral e simbólica. Esta linguagem é aprendida de maneira gradativa e sem a interferência direta de meios sistemáticos. Piaget admite que, a criança deve ser capaz de refletir e ser agente modificador da escrita, não bastando apenas o reconhecimento de códigos, mas obtendo conhecimento pleno sobre o funcionamento do código escrito.
Da “Facilidade” ao “Erro”
Comumente encontro alunos que, após sua alfabetização – supostamente completa – ainda escrevem em letras “Bastão”. Em alguns casos, não compreendem a letra cursiva e possuem dificuldade em identificar as letras “bastão” minúsculas.
Isto ocorre pois há atualmente grande crítica ao ensino da letra cursiva e as crianças, normalmente, são instruídas apenas com o alfabeto abaixo:
Entretanto, a criança, ao ser alfabetizada, necessita compreender as diferenças entre a letra maiúscula e minúscula. Pois o uso destas, de acordo com a necessidade, será avaliado mais tarde. Ou seja, embora algumas escolas não exijam o conhecimento da letra cursiva e do alfabeto minúsculo, este, é de suma importância. Afinal, como identificar o início de uma frase ou parágrafo, ou a letra maiúscula de substantivos próprios (seu próprio nome, a cidade em que mora, o país) ?
Sabemos que as letras minúsculas em “bastão” exigem da coordenação motora tanto quanto as letras cursivas. Por isso é necessário que a coordenação motora fina seja trabalhada desde cedo. Desta maneira aplica-se o alfabeto abaixo:
Letra bonita, letra feia
A inegável cobrança de uma letra dita bonita é comum entre os professores mais tradicionais. E essa tradicionalidade leva o docente ao erro.
O que é bonito ou feio é relativo. Situações que levam o aluno à “vergonha” de escrever, devem ser evitadas ao máximo. Desta maneira, o professor deve se ater a cobrança de uma letra LEGÍVEL. A escrita é uma forma de comunicação, e portanto precisa ser compreendida pelo leitor. Mesmo em tempos onde a comunicação é feita através das telas do computador, a escrita deve ser incentivada, pois é sabido que esta, influencia de maneira positiva o crescimento cognitivo do aluno, tendo em vista que além da formação de um aluno-leitor, o professor deve formar um aluno-autor.
Cobrar uma letra dita bonita é o mesmo que cobrar um desenho feito pelo aluno digno de Picasso.
Pontos positivos e negativos
Em todas as pesquisas que fiz, as opiniões eram totalmente tendenciosas, ou à favor da letra cursiva ou à favor da letra de forma. Fazendo um paralelo, cheguei ao quadro abaixo:
Letra Cursiva |
Letra de forma |
Permite a continuidade da escrita. | Fragmenta a escrita. |
Facilita a agilidade na escrita. | Dificulta a escrita rápida, embora seus traços sejam mais simples. |
É possível diferenciar letras maiúsculas e minúsculas. | Não é possível diferenciá-las já que o ensinado na escola não provém da escrita “de máquina”. O ensinado na maioria das escolas é a letra maiúscula destes símbolos. Ou seja, utiliza-se este “A” ao invés deste “a”. Este “Q” ao invés deste “q”. |
Exige maturidade e psicomotricidade avançada. | É mais simples e facilmente compreendida pelo educando. |
Não é usada nos meios de comunicação, estando pouco incluída no atual mundo globalizado. | Está inteiramente inserida no dia a dia do aluno. |
Possibilita a identidade do aluno aplicada em símbolos. (O professor, por vezes, consegue identificar a letra do aluno mesmo não estando identificada pelo nome). | Todas as letras são praticamente iguais. |
Precisa da interferência do professor. | Acontece de maneira espontânea. |
Cobrada pela escola Tradicional. | Está vinculada ao Construtivismo. |
Analisando o quadro, é possível observar que ambas possuem pontos positivos e negativos. Desta maneira não há “vencedor ou perdedor”.
Maturidade, tempo e estratégias
O docente deve estar atento à maturidade do aluno. Não só a cognitiva, mas a motora. Para aprender a letra cursiva o aluno precisa ter consciência espacial, sua coordenação motora deve estar suficientemente preparada para enfrentar o desafio de desenhar letras.
Para isso é necessário valorizar cada etapa do processo de aprendizagem, o que inclui a valorização da Educação Infantil, já que esta, não tem o objetivo apenas de amadurecer a sociabilidade do aluno. Um trabalho árduo deve ser feito para que o aluno desenvolva ao máximo sua psicomotricidade e faça relação simbologia/significado. Fazendo da educação infantil uma pré-alfabetização.
Cabe ao professor, garantir as estratégias mais eficientes para que o aluno explore ao máximo o seu potencial. Possuindo maturidade cognitiva e motora suficiente, o aluno poderá exercer com mais facilidade o reconhecimento simbólico e prática escrita de qualquer das grafias oferecidas pela instituição escolar, explorando suas competências e habilidades pessoais.
Portanto, o processo deve ser iniciado com a letra de forma maiúscula, mas não deve ser exclusivo.
Conhecimento nunca é demais. Desta maneira, sem forçar o aluno, ele acabará por escolher a escrita que prefere, fazendo desta parte integrante de sua IDENTIDADE.
Espero alguns comentários críticos negativamente e positivamente. 😉
Beijos da Tia Mel.
Amei seu estudo sobre os tipos de letras, nossa foi o mais esclarecedor de todos os textos de entrevistas que já ouvi e li. Parabéns para você. Dúvidas tiradas e esclarecidas vou seguir sua linha de pensamento,
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Olá Cris, que bom que gostou! Fico muito feliz por ter contribuído!
Espero sua visita sempre que possível!
Beijos 🙂
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Eu também ameeeei seu post.
Maravilhoso, estou começando a dar aulas complementares e você disse tudo o que eu penso rs.
Vou compartilhar seu post com os pais dos alunos e mencionar seu link para leitura total.
Parabéns!!!
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Muito obrigada! ❤
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Muito bom!
Onde eu encontro esta fonte (cursiva) para download? Ou ao menos seu nome.
Parabéns pelo trabalho.
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Obg Alexandre! O site abaixo possui algumas opções que você pode usar!
Volte sempre!
http://ultradownloads.com.br
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Essa dúvida me atormentava. Escrevia tudo misturado, vou padronizar minha caligrafia. Estudei em escola pública e isso não era valorizado e nem cobrado. Eu misturava bastão, cursiva, de forma, era uma zorra.
Obrigado, foi muito esclarecedor!
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Herlandson, a não ser que você trabalhe como professor não há problema alguém em misturar!
Lembre-se que a caligrafia é algo muito pessoal e identifica a sua personalidade!
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Gostei deste seu artigo. Acho que a aplicação da teoria da EMILIA FERREIRO na alfabetização das crianças brasileiras trouxe mais confusão do que benefícios .Ela não foi bem entendida o suficiente para ser usada indiscriminadamente sem qualquer metodologia apropriada. Somente o uso de uma teoria moderna não é o suficiente para o seu sucesso. Deve existir uma metodologia adequada ára tal fim.
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Fora que o certo seria analisar diversas metodologias para que estas se apliquem aos diversos alunos. Não podemos achar que todos as crianças aprendem da mesma maneira. Eles não são iguais, então pq a metodologia tem que ser padronizada e igual para todos?
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Boa noite,foi maravilhoso,até então eu havia dúvidas de como ensinar o alfabeto correto para meus alunos,espero receber mais dicas.bjuss boa noite!!!
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Eu quem agradeço, Adaisa! Volte sempre que possível, fiquei feliz em poder ajudar! :*
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Beijos no coração ❤
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Gostei muito do seu artigo e agradeço por tirar várias dúvidas,estou com um 2º ano e já estou usando esse método,os alunos ficam felizes quando reconhece as palavras que escreveram com as letras cursivas.
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Ola Maria!
Fico feliz em te-la ajudado. Volte sempre e obg pelo feedback! Nos siga nas redes sociais para sempre saber das novidades! 😘
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Muito bom!
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Estou feliz e agradecida pela orientação. Quero alfabetizar minha empregada, adulta e analfabeta.
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Boa noite, Melissa.
Essa questão da letra cursiva ou bastão é muito polêmica…. tenho uma filha que fez 6 anos no final de maio 2017 , está em uma escola particular, na educação infantil, já está lendo , mas ela viu a prima que tem 5 anos escrevendo com letra cursiva ( estuda em outra escola) e agora só quer escrever com letra cursiva também o problema que na escola não é permitido escrever com letra cursiva . somente a partir do 2ª ano do ensino fundamental. Ela fica frustrada porque não pode escrever com essa letra já que ela sabe.
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Olá Vera!
Sim, é uma grande polêmica entre educadores!
E não vejo objeções para que sua pequena aprenda a letra cursiva, principalmente se isso parte do interesse dela.
Converse com as professoras da escola da sua filha. Argumente que é do interesse da sua pequena aprender e que ela não pode nem deve ser limitada às opiniões das professoras! Espero ter ajudado! 😀
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Obrigada!!!
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Eu escrevia letra cursiva , mas era muito feia ninguém intendia nem eu mesmo compreendia , decidi mudar isso comecei praticar letra de forma incansávelmente, áte que minha escrita ficou praticamente perfeita parece digitada é elogiada por todos os professores eles ficam impressionado estou no ensino médio e não abro mão da minha letra de forma !
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Amei o Post. Acabei de me formar em Letras em uma universidade pública e acabei chegando para dar aula em uma turma de 4° ano do fundamental I de uma escola pública no interior do estado, estou na primeira semana de trabalho e a coisa que mais me atormentou foi o desconhecimento que os alunos ainda possuem sobre os alfabetos. Alguns dominam o cursivo mas não o de forma e outros contrário. Darei uma aula específica sobre eles e os meios onde circulam. Muito obrigadx :*
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Olá! Acredite, compreender o de forma é muito mais simples! Isso pq eles podem aprender apenas visualmente. Já o cursivo precisa ser estimulado desde muito cedo pois após a maturação fica complexo compreender algo que não se utiliza tanto no dia a dia. Mas no 4° ano já é necessário que eles compreendam ambas as letras! Boa sorte no seu trabalho!
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Eu amei ele me ajudou muito e muito bom obrigado Melissa Beijo linda e inteligente
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Estou tendo grandes dificuldades com minha filha de 7 anos e meio, por que agora ela iniciou o 2o.ano e a professora está dando reforços e mais reforços para que ela aprenda a escrever em letra cursiva. Sinto que foi um descuido e ignorância minha. Sempre achei estranho esse novo método de ensinar somente a letra de forma. Penso que os dois métodos deveriam ser aplicados desde o início, lá na educação infantil. Hoje parece que minha filha está iniciando a alfabetização, entende? Me sinto prejudicada pelas escolas e professoras que a acompanharam desde os 3 anos e meio e não tiveram a sensatez que você tem. E eu também me sinto culpada por não ter buscado suprir essa necessidade. Grata pelos esclarecimentos.
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Que aflição me deu esse seu comentário Rose!
Você tem toda razão em estar se sentindo assim, mas não se culpe pela falha escolar!
Você está aqui, tentando se informar e é isso que importa! O que eu diria a você nesse momento é para pedir para que a professora pare imediatamente de ensinar a letra cursiva com essa pressão!
Sua filha pode aprender sim, mas por já ter quase 8 anos, é possível que ela escolha a letra de forma como letra “mãe”.
Se concentre para que ela apenas compreenda a letra cursiva e depois introduza a escrita AOS POUCOS! Agora não é momento para pressa! Procure atividades dinâmicas com a letra cursiva. Recomendo Montessori para tal!
Forte abraço!
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OBG! AGR POSSO FAZER MELHOR MINHAS CALIGRFIAS
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Disponha!
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Sugiro, para enriquecer, considerar na avaliação, a abordagem montessoriana, usando letras cursivas. Vemos que, nesse caso, o preparo psicomotor é evidente, o processo é natural, respeitando a individualidade (sem o sentido de “cobranças”).
Outro aspecto refere-se ao ponto de que o aprendizado com a letra de forma acontece de forma expontânea. Entendo que esse ponto depende de como a escola age, naturalizando ou cobrando. E que essa naturalidade pode estar presente na leitura, mas não na escrita (nesse caso, a cursiva segue o curso da escrita).
Parabéns pelo artigo como um todo.
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Olá.
Como posso ajudar uma criança que escreve misturando a letra cursiva com a de forma maiúscula ? Exemplo: na palavra chave…Ela escreve a letra c com letra cursiva e o h… “H” depois o a com letra cursiva e o v… “V”, e por fim a letra e cursiva.
Desde já agradeço.
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Meu filho começou o segundo ano e agora está sendo introduzido à letra cursiva. Nesse momento estou o acompanhando enquanto faz exercícios no caderno de caligrafia do a-e-i-o-u maiúsculos e minúsculos. Foi muito bom ser redirecionado ao seu texto para não o pressionar para um padrão estético dito bonito. Não sou professor, mas fui alfabetizado em 1984 com ambas os estilos, cursiva e de forma e tendo a passar essa padronização de feio/bonito porque aprendi assim. É muito bom enxergar por outra ótica e não pressioná-lo. Obrigado!
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